Apontado como o maior produtor de soja do mundo, o empresário Eraí Maggi está agora empenhado em um novo projeto: unir os produtores de seu Estado para constituir um fundo, com contribuições medidas em sacas de soja e milho, para construir uma ferrovia. Trata-se da Ferrogrão, que ligará Sinop, no norte do Mato Grosso, até o porto fluvial de Miritituba (PA), no rio Tapajós. A obra está orçada em R$ 12,7 bilhões. “Torna-se troco, perto dos benefícios que vai trazer ao produtor”, afirmou o fazendeiro ao ‘Estado’.
A Ferrogrão é um projeto que circula pelo governo há cinco anos sem sair do papel. A ideia de construí-la partiu das grandes tradings: Amaggi, ADM, Bunge, Cargill, Dreyfus, e a estruturadora Estação da Luz Participações (EDLP). A razão parece óbvia: usar os portos do Norte do País para levar a soja brasileira até mercados como China, Rússia e Europa. Elas já construíram estruturas exportadoras em Miritituba, de onde a carga segue por rio até a região de Belém.
Porém, ao longo dos últimos anos, as gigantes hesitaram em aportar os recursos necessários para construir a linha, que promete baixar o custo de transporte da soja de R$ 300 por tonelada para R$ 110 e encurtar em quatro dias a viagem dos grãos. O imenso capital dessas companhias gira num tempo medido em safras, e não no longo prazo, como é típico dos empreendimentos em infraestrutura.
Cansados de esperar, os produtores decidiram eles mesmos colocar dinheiro no projeto. Há duas semanas, uma assembleia da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso (Aprosoja – MT) aprovou por unanimidade a proposta de se criar um fundo para custear o investimento. “Tem como arrecadar R$ 600 milhões por ano tranquilamente”, assegurou o presidente da associação, Antônio Galvan. Ele enumera três possíveis ganhos aos agricultores: a valorização da terra, o menor custo de transporte e os lucros com a operação da ferrovia, já que todos serão sócios.
“É bom demais, sô!”, resumiu Eraí. “O produtor vai colocar 1 para tirar 10.” Mais ambicioso, ele acredita que a arrecadação poderá atingir R$ 1 bilhão ao ano. “Vai ser como tirar doce de boca de criança”, brincou. Os preços mínimos para o frete de caminhões “obriga” os produtores a pensar seriamente no empreendimento. O fundo foi formatado pelo presidente da EDLP, Guilherme Quintella, num trabalho que Eraí classificou como “genial”.
Projeto
“Pode dar certo”, concordou o secretário de Coordenação de Projetos do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Tarcísio Freitas. Ele contou que, nos últimos dois anos, “vendeu” o projeto da Ferrogrão para diversos investidores no exterior, mas o tamanho do investimento e o longo prazo de maturação os assustava.
Quintella informou que as tradings se dispõem a entrar com 25% a 50% dos recursos para a construção da linha. Negociações em curso com outros possíveis sócios, como fundos de investimento, indicam que a participação delas será abaixo do limite máximo proposto.
Eraí vê a Ferrogrão como uma estratégia para manter a competitividade do agronegócio brasileiro. “Não adianta a gente pensar que só nós somos bonitos”, disse. “Os chineses estão arrendando terras na Rússia para plantar milho.”
A melhoria genética de sementes tem possibilitado o surgimento de outras áreas de produção de grãos no mundo que põem em risco a liderança brasileira no médio prazo. Freitas observa que a venda de tratores fabricados no Brasil para o Leste europeu é maior do que para a América Latina. A região se tornou uma nova fronteira de produção de soja, bem próxima dos grandes consumidores. Com um corte drástico no custo de transporte, o produto nacional terá melhores condições de se manter no páreo. “É a nossa saída”, afirmou Eraí.
Concessão só em 2019
A Ferrogrão será uma concessão do governo federal a ser leiloada em 2019. O lance mínimo para um contrato de 65 anos será fixado em R$ 1,00. A expectativa do governo é que haja apenas um competidor no certame: o grupo formado por tradings, produtores e outros fundos. Todo o trabalho feito até o momento foi para constituir ao menos um consórcio para o empreendimento. Nos bastidores, o receio era realizar o leilão e não aparecer nenhum candidato.
Enquanto o consórcio não é formado, seguem os preparativos para a concessão da ferrovia. Os estudos técnicos, econômicos e ambientais da ferrovia já foram submetidos a audiência pública. Nessa etapa, interessados em operar ou utilizar o serviço da ferrovia apresentaram sugestões.
No momento, os estudos estão na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que deverá enviá-los nos próximos dias para o Ministério dos Transportes e esse, por sua vez, os entregará à autora do projeto, a Estação de Luz Participações (EDLP), para fazer ajustes necessários. Só então os volumes serão remetidos para análise pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Uma vez aprovados lá, o governo pode publicar o edital e marcar a data do leilão.
Próxima gestão
“Não vai dar tempo para fazer o leilão em 2018”, afirmou o secretário de Coordenação de Projetos do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Tarcísio Freitas. “Vai ficar para o próximo presidente.”
Guilherme Quintella não vê problema nisso. “É um projeto de Estado, não de governo”, disse. “É uma solução estrutural e definitiva da logística de escoamento de grãos do Mato Grosso.” Ele ressaltou que as exportações do agronegócio são o principal componente do balanço de pagamentos do Brasil. “O próximo governante vai tratar do assunto com muita seriedade”, apostou. “E muito ânimo, porque vai receber um projeto pronto.”
A ferrovia do grão não ficará pronta nem no próximo mandato presidencial. A obra em si deve levar cerca de cinco anos para ser concluída. Mas, antes de ela ter início, será necessário obter as licenças ambientais. Trata-se de um processo trabalhoso e demorado. Só depois do licenciamento é que começarão a contar os 65 anos da concessão.
Fundação ambiental
Os empreendedores da Ferrogrão articulam a criação de uma fundação para gerir as medidas que serão adotadas para compensar o impacto da obra sobre o meio ambiente e as comunidades locais. Ela atuará não só nas ações diretamente ligadas à ferrovia. Poderá também atender a outros projetos do tipo em toda a bacia do rio Tapajós que tenham interesse.
“Não cabe mais no Brasil o setor privado acreditar que compliance (boas práticas de governança) das obrigações legais e de compromissos definidos pelo licenciamento socioambiental se resolve alocando recursos financeiros e esperando que tudo fique resolvido sem o real envolvimento das populações impactadas”, disse o presidente da Estação da Luz Participações (EDLP), Guilherme Quintella.
A ferrovia afeta dois elementos que têm alimentado críticas ao agronegócio brasileiro mundo afora: o meio ambiente e os indígenas. O trajeto da linha em si não tem empecilhos legais, mas ela pode afetar comunidades e reservas naturais próximas. A ferrovia vai passar no meio do Parque Nacional Jamanxim, que hoje já é cortado pela BR-163. A rodovia já existia na época da demarcação.
Extraído: Exame - 03/09/2018
Nossa motivação.
"Grandes empresas e profissionais compartilham informações, auxiliam-se mutuamente e buscam na sinergia sua força de trabalho. Este espaço destina-se a isso: trocar idéias, tirar dúvidas e fazer "networking". Bem vindos os que tem aço no sangue !"
03/09/2018
10/08/2016
Usiminas visa geração de caixa de ao menos R$1,2 bilhões em 2017 para bancar dívida e investimentos.
A Usiminas informou na última segunda-feira que está trabalhando para alcançar um resultado operacional medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de 1,2 bilhão de reais no mínimo em 2017 para fazer frente a obrigações financeiras e investimentos.
A companhia afirmou ainda em comunicado ao mercado que tem como meta alcançar Ebitda de pelo menos 2 bilhões de reais a partir de 2019.
"A Usiminas ressalta, ainda, que os valores não constituem projeções da companhia, mas apenas metas gerenciais internas que sua administração está trabalhando para atingir", afirmou a empresa em comunicado ao mercado.
A Usiminas teve em 2015 Ebitda negativo em 2,32 bilhões de reais, ante resultado positivo de 1,86 bilhões em 2014.
A maior produtora de aços planos do país em capacidade instalada do país teve prejuízo líquido de 123 milhões de reais no segundo trimestre, sobre resultado negativo de 151 milhões apurado entre abril e junho do ano de 2015. (Reuters)
Extraído => Mining.com - 10/08/2016
09/08/2016
Aço patinável resiste à corrosão atmosférica e proporciona visual rústico.
Gabriel Bonafé
O aço patinável, mais conhecido como Corten, é um aço estrutural de alta resistência e baixa liga utilizado em diversos projetos na construção civil, tanto em aplicações internas quanto externas. O material possui elementos de liga como cobre, cromo, vanádio e outros que, por meio de um processo complexo de reação química em contato com a atmosfera, desenvolve naturalmente uma pátina protetora.
Além de proporcionar ao aço patinável visual rústico, com pigmentação vermelho-ferrugem, essa camada de óxido (pátina) também amplia as propriedades anticorrosivas do material, repelindo a entrada de oxigênio e umidade. Inclusive, a denominação Corten, marca registrada da Companhia do Aço dos Estados Unidos (United States Steel Corporation), refere-se a uma junção de “resistência à corrosão” em inglês (corrosion resistance).
As propriedades de resistência à corrosão, assim como o tempo para o desenvolvimento da pátina, variam conforme as características atmosféricas nas quais o aço patinável está inserido. O principal fator diz respeito à umidade, sendo necessária uma alternância entre dias secos e úmidos. “Se só chover, se for um ambiente permanentemente úmido, ou houver acúmulo de água, a pátina pode até surgir, mas não terá o efeito protetor esperado”, afirma Glaucia Bisolli, engenheira civil e membro da Comissão Executiva do Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA).
Para que a pátina se desenvolva onde é inviável a reação química do aço com a atmosfera, são adotados processos físicos e químicos de preparação da superfície que aceleram a formação da camada. A aplicação da técnica metalúrgica só é válida para os materiais que apresentam os elementos de liga característicos desse tipo de aço.
Aplicações
Não existe uma distinção em propriedades técnicas do aço patinável utilizado em ambientes externos e internos. Trata-se do mesmo material, mas que assume funções diferentes. Por apresentar maior resistência à corrosão em relação ao aço comum, o patinável é mais apropriado para ficar exposto em áreas externas que não o sujeitem ao contínuo molhamento.
O material pode ser visto em esculturas ao ar livre, na fachada externa de edificações, monumentos, pontes, viadutos etc. Em situações agressivas de umidade ou com muitas alternâncias entre ciclos secos e chuvosos, recomenda-se revestir o material com pintura anticorrosiva, assim como é feito com o aço comum.
O aço patinável permite fabricar uma estrutura com a mesma resistência do aço comum, só que utilizando menor peso em matéria - Célio Santos
Ainda assim, como o aço patinável produz volume de óxido menor do que os demais tipos de aço, a durabilidade de um eventual revestimento será maior, reduzindo a necessidade de manutenção. Aplicado sem revestimentos, o material não requer manutenção, apenas limpezas periódicas com produtos neutros.
Em aplicações internas, o aço patinável assume função decorativa. “Alguns arquitetos aplicam o aço patinável para diferenciar o ambiente graças à sua beleza diferenciada, que dá um efeito rústico ao local”, observa Humberto Bellei, engenheiro civil e membro da Comissão Executiva do CBCA. O material costuma ser empregado em escadas, painéis, mobiliários, portas, entre outros. “Dependendo do uso da peça, é preciso aplicar uma proteção para evitar que as pessoas e os materiais sejam manchados pelo óxido em eventuais contatos”, observa Célio Santos, diretor comercial da Oficina do Corten.
Fabricação rentável
Os elementos de liga do aço patinável também proporcionam melhores propriedades mecânicas ao material, o que resulta em maior resistência ao alongamento (de 300 a 700 Mpa) comparado aos aços tradicionais (cerca de 130 Mpa).
Como os elementos de liga não aumentam o peso-próprio do aço patinável, cuja densidade é igual ou semelhante à dos demais tipos de aço (cerca 7.850 kg/m³), sua fabricação se torna mais rentável. “O aço patinável permite fabricar uma estrutura com a mesma resistência do aço comum, só que utilizando menor peso em matéria”, aponta Santos.
Alguns arquitetos aplicam o aço patinável para diferenciar o ambiente graças à sua beleza diferenciada, que dá um efeito rústico ao local - Humberto Bellei
Produção de custo elevado
O aço patinável pode ser fabricado com espessura mínima de 2 mm e, geralmente, é fornecido em bobinas ou em chapas para grandes espessuras. Embora seja fabricado, em geral, pelas usinas siderúrgicas nacionais, é um material de difícil acesso no país, requerendo maior esforço por parte dos arquitetos e projetistas no momento da especificação. “O modo como se projeta no Brasil é diferente do modo que se projeta nos Estados Unidos, que é uma indústria forte em aço”, contextualiza Gabriela Muller, arquiteta e urbanista e sócia-fundadora do ATRIA.
“O aço patinável não é um material de prateleira como um porcelanato, um MDF ou um assoalho de madeira. As peças são resultado de um processo longo e da fabricação sob medida que envolve equipamentos pesados e de custo elevado”, conta Santos.
A Associação Brasileiras de Normas Técnicas (ABNT) estabelece, por meio das NBR 5008, 5920 e 5921, os requisitos para encomenda, fabricação e fornecimento de bobinas e chapas de aços de alta resistência e baixa liga, resistentes à corrosão atmosférica. A norma europeia EN 10025-5 também é referência para soldagem do aço patinável, que estabelece condições técnicas de fornecimento de aços estruturais com maior resistência à corrosão atmosférica.
Colaboração técnica
Célio Santos – diretor comercial da Oficina do Corten.
Gabriela Muller – arquiteta e urbanista pela Universidade de Brasília em 1998. É especialista luminotécnica e membro da International Association of Lighting Designers – IALD. Entre 1998 e 2002, colaborou com a empresa Light Design em Brasília, destacando-se a coordenação que exerceu como responsável pelo projeto de iluminação do Aeroporto de Palmas. Em 2005, assumiu a coordenação do escritório ATRIA São Paulo.
Glaucia Bisolli – analista de mercado na ArcelorMittal Tubarão desde 2010. Engenheira civil formada pela UFES, trabalhou como engenheira de estruturas de concreto armado, com ênfase em edifícios, por 20 anos. É membro da Comissão Executiva do Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA).
Humberto Bellei – Possui graduação em engenharia civil pelo Centro Universitário de Volta Redonda (1997), especialização em Engenharia de segurança do trabalho pelo Centro Universitário de Volta Redonda (2000), especialização em MBA em Gerencia de projetos pela Fundação Getúlio Vargas (2009), mestrado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (2006) e aperfeiçoamento em Curso de extensão em pontes metálicas pelo Centro Universitário de Volta Redonda (2000). Atualmente é especialista da Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais e Professor Titular do Centro Universitário de Belo Horizonte. Tem experiência na área de Engenharia Civil e compõe a Comissão Executiva do Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA).
Extraído: CBCA - 09/08/2016
03/07/2015
Gerdau diz que crise 'não poupa nem pipoqueiro' e defende mudança no Reintegra.
presidente de uma das maiores siderúrgicas do país, considera que a crise econômica atual "está dura" e não tem poupado nem "pipoqueiro".
Gerdau se reuniu com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), nessa quarta-feira no gabinete do peemedebista, ocasião em que também estiveram representantes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), da Fiat/Chrysler e parlamentares.
Segundo alguns dos presentes no encontro, o clima foi de "velório" diante do cenário "pouco animador" traçado pelos presentes para os próximos meses. Na reunião, Gerdau, de acordo com relatos, informou que, em razão da crise que atingiu o setor, já havia demitido 11 mil funcionários e que a previsão era de mais 4 mil a 5 mil nos próximos meses.
Na saída do encontro, o empresário falou ao jornal O Estado de S. Paulo sobre impacto da crise. "Não tem quem não esteja afetado. O taxista está, o pipoqueiro está, as cadeias industriais estão sofrendo. Está duro", ressaltou o empresário, que, no primeiro mandato de Dilma, assumiu a Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade, que tinha o objetivo de aperfeiçoar a condução da máquina pública.
"Para mim, o problema está na exportação. Tem que melhorar", defendeu Gerdau, que não tem tido contatos frequentes com a presidente.
Uma das alternativas discutidas na reunião realizada no gabinete da presidência do Senado é a mudança no Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra).
As alterações no programa, que "devolve" aos empresários uma parte do valor exportado, seriam realizadas por meio de emendas inseridas Medida Provisória 675, atualmente em discussão na Comissão Mista do Congresso.
A MP foi encaminhada pelo Executivo no último dia 22 de maio ao Congresso e faz parte do ajuste fiscal proposto pelo governo. O texto original trata de outro tema e prevê o aumento de 15% para 20% a alíquota da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), devida por instituições financeiras, como bancos, seguradoras e administradoras de cartão de crédito.
Entre as emendas sobre o Reintegra consideradas na reunião no gabinete de Renan estão duas de autoria do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) - entre elas, a que retoma o porcentual de 3% sobre a receita auferida com a exportação realizada pelas empresas.
No último mês de fevereiro, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciou a redução de 3% para 1% da alíquota do Reintegra. Segundo cálculos da Fazenda, a renúncia fiscal com o benefício para os exportadores com a alíquota anterior, de 3%, seria de R$ 6 bilhões. Com a mudança, o montante cai para R$ 3,5 bilhões por ano.
Como a alteração ocorreu com o ano em curso, a economia estimada para 2015 é de R$ 1,8 bilhão. "A redução dos percentuais de maneira súbita e imediata desconsidera a realidade das empresas exportadoras que já haviam precificado suas exportações para embarque no futuro próximo, considerando a vigência do porcentual maior até então em vigor", afirma Ferraço em trecho da emenda. O texto proposto por ele mantém, entretanto, a prerrogativa do Poder Executivo em graduar o porcentual entre 0,1% a 3%. (Estadão Conteúdo)
Extraído => Hoje em Dia - 03/07/2015
16/06/2015
Laminados planos entram na mira do Secex
A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) decidiu iniciar revisão anticircunvenção para averiguar a existência de práticas comerciais que visem frustrar a eficácia de medidas antidumping em vigor, instituídas em outubro de 2013, aplicadas às importações brasileiras de laminados planos de baixo carbono e baixa liga originárias da China. Por meio da revisão anticircunvenção, é possível verificar a extensão da medida antidumping para impedir que determinadas importações frustrem as medidas em vigor.
Nesse caso específico, o pedido foi apresentado pela Usiminas, baseado no Decreto nº 8.058, de 2013, que caracteriza entre as possibilidades de prática de circunvenção quando "produto que, originário ou procedente do país sujeito a medida antidumping, apresente modificações marginais com relação ao produto sujeito a medida antidumping, mas que não alteram o seu uso ou a sua destinação final". De acordo com informações apresentadas pela Usiminas, as importações de chapas grossas com adição de cromo da China estariam sendo realizadas com o objetivo de frustrar a eficácia da medida antidumping aplicada às importações de chapas grossas.
A decisão da Secex está publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira (15), na Circular 38, que determina o início da revisão e apresenta o histórico do processo. A investigação compreenderá o período de abril de 2012 a março de 2015.
Extraído = > Jornal do Comércio - 16/06/2015
11/06/2015
Mudança em critérios das licitações preocupa especialistas no setor
A decisão do Governo Federal de mudar o critério das licitações das áreas portuárias é vista com preocupação por especialistas no setor. O motivo é a necessidade de essa alteração ser apreciada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e a falta de prazo para isso. O temor é de que o processo sofra novos atrasos e a Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP) não consiga licitar as três primeiras glebas ainda neste ano.
No anúncio do Programa de Investimento em Logística (PIL), na terça-feira(9), o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou que, no segundo bloco de arrendamentos portuários, previsto para o segundo semestre de 2016, o Governo utilizará o critério de outorga e não mais o de maior volume de movimentação de carga e menor tarifa. A medida também poderá valer para as licitações das três primeiras áreas, caso o TCU aprove o pedido.
“O Governo publicou hoje (ontem) um decreto em que inclui o valor de outorga como um dos critérios que podem ser utilizados na licitação de portos. E nós planejamos utilizar o valor de outorga como o principal critério de licitação dessa rodada dois. Nós vamos consultar o TCU para saber se há a possibilidade de usar outorga para os portos do bloco 1”, destacou.
Segundo Barbosa, nas condições atuais, o modelo definido anteriormente poderia não ter os resultados esperados. Ele argumentou que a licitação por outorga traz maior eficiência. “É um modelo que o próprio setor de administração portuária e de ferrovias nos solicitou que adotássemos”, afirmou.
Mas, para o consultor portuário Fabrizio Pierdomenico, este plano do Planalto pode atrasar ainda mais a licitação das áreas. “A equação era baseada nas diretrizes da nova lei, de maior volume por menor preço. Agora, mudando tudo, é possível que tenha que ser tudo analisado novamente. Se o TCU entender que essa análise é necessária, vai atrasar tudo bastante”.
A mesma opinião tem o consultor portuário Sérgio Aquino. Para ele, o setor não pode esperar celeridade, caso o processo tenha que ser novamente avaliado pelo TCU. “Hoje, foi a divulgação de um grande pacote de intenções, não de concessões. Em todos os modais, há a uma infinidade de temas em estudo ou que dependem de decisões. Em todas essas questões, é necessário esperar”, destacou Aquino.
Segundo Pierdomenico, com as condições impostas pelo Governo, o setor retorna às condições da época em que a Lei nº 8.630 (antigo marco regulatório) estava em vigor. “Essa questão da outorga já era algo superado pela lei e foi considerado o ponto de grande mudança no novo marco regulatório. Agora houve esse retrocesso”.
Confiabilidade
Para o presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli, a mudança no critério dará maior segurança para o Governo porque tende a atrair empresas idôneas e com maior capacidade de operação e menos especuladores.
“O mercado exige alta tecnologia e altos investimentos e o mercado é exigente. Requer empresas com capacidade econômica, financeira e técnica e que não podem ficar sujeitas à sazonalidade da produção, por exemplo. Caso contrário, ficarão eternamente pedindo reequilíbrio ao Governo”, destacou Wilen Manteli.
O executivo também espera celeridade nas análises que se fazem necessárias e, consequentemente, que as licitações sejam destravadas.
Fernanda Balbino
Extraído => A Tribuna - 11/06/2015
11/11/2014
Criador dos Brics diz que governo brasileiro se tornou "chinês demais"
Conhecido –e muitas vezes criticado– por suas previsões consideradas excessivamente positivas, o economista britânico , criador do acrônimo Bric, parece ter perdido seu entusiasmo com pelo menos um país: o Brasil.
Em 2012, quando as incertezas sobre a recuperação da economia global eram ainda maiores que as de hoje, o então economista-chefe do banco americano Goldman Sachs escreveu que se mantinha “extremamente otimista em relação ao Brasil” e que o país representava uma “grande esperança”.
Dois anos e meio depois, O’Neill afirma que muita coisa deu errado desde então. E que um dos principais responsáveis pelo baixo crescimento registrado no país é o que define como política intervencionista do governo da presidente Dilma Rousseff.
“O governo brasileiro se tornou chinês demais”, afirmou, em entrevista à Folha em Londres, onde vive. O papel desempenhado pelo BNDES na concessão de empréstimo ao setor privado nos últimos anos, a juros subsidiados, e a atuação do Banco Central que, segundo ele, precisa ser mais independente, são exemplos dessa política, diz o economista.
O’Neill, 57, porém, faz sua mea-culpa. Ele diz que errou ao acreditar que a redução da inflação na década passada iria inaugurar uma “nova era” para o país, em que não somente o consumo aumentaria, mas também os investimentos e a tomada de riscos por parte dos empresários. “Isso não aconteceu.”
Apesar disso, o economista britânico continua confiante no resto de suas previsões.
Além da China, que mesmo crescendo em ritmo mais lento, “produz uma Índia a cada dois anos”, segundo ele, outros emergentes como Nigéria e Indonésia, parte do novo acrônimo “Mint”, deverão puxar a expansão mundial nas próximas décadas.
Os “Mint” foram tema de um programa de TV na emissora britânica BBC apresentado neste ano por O’Neill, que se aposentou do banco americano em 2013. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
***
Folha – Há uma grande discussão sobre o futuro dos mercados emergentes diante de uma menor expansão global e do fim da política estímulos do Fed (banco central americano), que trouxe muita liquidez aos mercados nos últimos anos. Qual a visão do sr. sobre isso?
Jim O’Neill – A natureza dessa questão presume uma estrutura antiga do mundo. Há duas décadas, se a economia mundial estivesse desacelerando e o Fed estivesse apertando sua política monetária, seria uma péssima notícia para os países emergentes. Mas hoje a segunda maior economia do mundo é um país emergente, a China. A China crescendo a 7,5%, o que se considera “mais devagar”, equivale em dólares aos Estados Unidos crescendo a 4%.
A China é maior que Alemanha, França e Itália juntas. A China cria um Reino Unido a cada três anos, e uma Índia a cada dois. Por isso, se o mundo vai diminuir seu crescimento de forma persistente depende, em grande parte, do que a China vai fazer. Deveríamos estar nos preocupando com o que vai acontecer se o banco central chinês apertar a política monetária, e não o Fed. A forma com que a maioria das pessoas ainda pensa sobre essas questões é equivocada. O mundo mudou.
Folha – Qual sua perspectiva para o futuro da economia global?
Acho que a economia americana mostra sinais contínuos embora erráticos de aceleração. No momento acredito que isso deve levar o Fed a aumentar as taxas de juros em 2015, provavelmente no meio do ano, e isso deve trazer consequências adversas para alguns mercados.
Há uma incerteza genuína particularmente em relação à volta dos investimentos. O gasto com investimento tem sido muito fraco ao redor do mundo. Isso inclui, para os padrões chineses, a China, mas também Alemanha e EUA. Isso sugere que os negócios ainda não querem tomar muito risco no longo prazo e isso é um pouco preocupante. Achei que esse ano isso começaria a mudar. Mas até agora, não.
Folha – Em 2012 o sr. escreveu que estava extremamente positivo com o Brasil e que o país tinha um futuro promissor. Dois anos depois, o país deve crescer menos de 1% esse ano, a inflação voltou, os juros subiram. O que aconteceu?
Há uma pequena possibilidade de que nada deu errado e Brasil ainda viva uma grande volatilidade. Se você olhar para o período entre 2001 e 2003, o país tinha um crescimento tão fraco quanto o que está tendo nesta década. As pessoas se esquecem disso. Entre 2005 e 2009 o país teve um forte crescimento, em parte porque sua economia foi seriamente afetada pelo alto preço das commodities. Então, se por alguma razão o preço das commodities começarem a subir muito nos próximos anos, não seria tão surpreendente se o Brasil crescesse muito mais sem que nada efetivamente mudasse.
Porém, apesar do que eu acabei de dizer, eu acho sim que as coisas deram errado. E eu estive errado. Acho que errei porque imaginava que a inflação baixa iria desencadear uma nova era para as classes de renda baixa e média no Brasil, não apenas de maior consumo, mas também de mais investimentos, mais riscos, mais criatividade. E isso não aconteceu. O consumo foi criado por meio de empréstimos, e não apoiado por um crescimento sustentável da renda. Também não foram feitos investimentos suficientes.
Folha – Por que isso ocorreu, na sua opinião?
Um problema real é que o governo brasileiro se tornou muito chinês, ao tentar direcionar demais a economia. O famoso efeito crowding-out (queda do investimento privado diante de uma política fiscal expansionista do Estado) ocorre no Brasil. Uma consequência disso se vê na situação fiscal do país. Se o governo continuar tentando controlar tudo, gastar mais e mais, e não usar o dinheiro de forma eficiente, o déficit nas contas [como o registrado em setembro, o primeiro em nove anos] será o novo normal para o Brasil.
Folha – O intervencionismo é o principal problema?
Acho que Dilma não vem tendo sucesso na economia. Ela pode ter sido muito azarada com o “timing” na economia mundial.
Mas o intervencionismo é uma questão principal.
O papel do BNDES na concessão de empréstimos é algo muito chinês, e é também um grande problema. Junte-se a isso o fato de que ela não fez nada para tornar o Brasil mais competitivo globalmente, fora do negócio de commodities. O que o Brasil tem para oferecer ao mundo, além de matéria-primas? Qual seu diferencial? Não há apoio a um ambiente de tomada de risco, à inovação de alto impacto. Só commodities não é suficiente.
Folha – Que reformas estruturais são mais urgentes?
Um ponto crucial é que vocês têm quase 200 milhões de pessoas. Então, se o país fomentar reformas, permitindo mais dinamismo ao setor privado, apoiando uma maior tomada de risco e estimulando novos negócios, o Brasil ainda pode ser um lugar fantástico. Mas não vejo muitas evidências de que isso vá realmente acontecer.
Folha – E na política macroeconômica, que tipos de ajustes são necessários?
Acho que a presidente precisa tornar o Banco Central mais independente. Um dos problemas é que as decisões não são realmente feitas pelo BC nos últimos anos. A subida de juros que ocorreu dias após a eleição foi um desenvolvimento muito interessante nesse sentido.
Folha – O que a subida dos juros logo após a eleição demonstra, na sua visão?
Foi uma surpresa levemente positiva porque os mercados gostam de ver o que os políticos fazem, não apenas o que eles falam. [A subida de juros] pode demonstrar que Dilma será mais sensível às demandas do mercado, mas ainda é cedo para dizer.
Folha – A inflação acima da meta ameaça a credibilidade do país?
Sim. No que diz respeito ao sistema de meta de inflação, a credibilidade do sistema está definitivamente sob ameaça, e por isso que a alta dos juros é tão importante. Além disso, por causa dessa montanha russa, muitos investidores simplesmente não estão mais interessados no Brasil. De certa forma, isso pode ser bom, pois pode incentivar o governo a fazer as reformas.
Folha – Qual sua avaliação sobre a criação do banco dos Brics?
Foi uma surpresa positiva. Os países do grupo têm conversado sobre isso há dois anos, e muita gente começou a pensar: “eles não conseguem concordar em nada, é tão ruim quanto o FMI ou o G-20″. O fato de que eles finalmente concordaram em algo substancial é um desenvolvimento positivo. O fato de que a sede da instituição será na China foi também interessante, mostrando a importância do “C” no Bric. Vejo também como um sinal de que os chineses veem o Bric como uma forma de “experimento” para um projeto de assumir maior responsabilidade global.
Folha – Qual deve ser o papel do banco dos Brics?
Os Brics já deveriam ter maior peso no FMI e no Banco Mundial, mas não conseguem por causa do Congresso americano. Por outro lado, não concordo que a criação do banco seja uma resposta a sub-representação nessas instituições, porque elas continuam pesadamente envolvidas em programas de empréstimos para esses países. Hoje, diria que o banco tem um papel puramente simbólico.
Folha – Os Brics possuem muitas diferenças entre si, e muitos consideram que, por isso, não deveriam ser considerados um grupo coeso. Como o sr. responde a isso?
É claro que eles possuem grandes diferenças, mas qual grupo político não possui? Tome o G-7, por exemplo. São todos países democráticos, é verdade, mas o que mais há em comum entre os EUA e a Itália? Os Brics têm muitas diferenças entre eles, mas têm também muito em comum em aspectos importantes, como população e tamanho da economia. E nessa análise, excluo a África do Sul, que é um país pequeno com população pequena. Eu particularmente questiono a sensibilidade de incluir a África do Sul no grupo. Acho que foi um erro estratégico.
Folha – A China passa por desaceleração e enfrenta um grande desafio demográfico. Você continua otimista em relação ao país?
Sim. Qualquer um que estudou China nos últimos 20 anos sabe que desafios demográficos começariam a surgir no começo desde década. Portanto, não há surpresa inclusive pra mim. Além disso, o governo chinês está tentando enfrentar a questão, se livrando da política de filho único, por exemplo. Sobre a desaceleração da economia, eu presumi muitos anos atrás que a China iria desacelerar nesta década. Até agora, a desaceleração foi menor do que previa tanto [sua previsão é de expansão média de 7,5% entre 2010 e 2020).
Folha – Qual sua análise sobre a Índia, sob o governo do primeiro ministro Narendra Modi?
Estou muito animado com a Índia sob o governo Modi. Um dos maiores problemas do país é a complexidade de sua democracia. Com a força da vitória de Modi, há uma chance para reduzir a complexidade da democracia da Índia pela primeira vez em 30 anos. É uma mudança grande e positiva, com impactos na economia. Acho que na segunda metade desta década é possível até que a Índia possa crescer mais que a China, em termos percentuais.
Folha – Você criou recentemente um novo acrônimo para um grupo de países, os Mint (México, Indonésia, Nigéria e Turquia). Que características os une e o que os diferencia dos Brics?
De novo, a principal característica que os une é a população. E, em contraste com China e Rússia, os quatro países do MINT têm população jovem, portanto não há um fardo demográfico. A população economicamente ativa nesses países vai crescer muito nos próximos 20 anos, o que é uma diferença importante em relação aos Brics. Além disso, são países com relações comerciais muito diversas. Já a Nigéria é uma exceção, com população muito grande, mas também desafios relacionados à elevada corrupção e à democracia.
Folha – Você afirmou recentemente que não concorda que a desigualdade tenha aumentado nas últimas décadas, argumento defendido pelo economista francês Thomas Piketty. Por quê?
Não sou crítico de Piketty, mas da popularidade dessa visão [sobre aumento da desigualdade]. Acho que existe uma enorme hipocrisia das pessoas do ocidente. O fato é que, em indicadores de pobreza mundialmente aceitos, vimos uma grande queda da desigualdade mundial na ultima década. Em boa parte por causa dos países emergentes. A meta da ONU de reduzir a pobreza à metade em 2015 foi atingida em 2010.
Minha segunda crítica é que é idioticamente simples pegar a diferença entre o cidadão mais bem pago e o menos pago e dizer isso que isso significa que a desigualdade está crescendo.
Por fim, há um subcontexto na discussão que envolve um protesto quanto às pessoas enriquecerem. Não queremos que nossas pessoas fiquem mais ricas? Venho de uma realidade dura em Manchester [cidade no norte da Inglaterra]. E lá as pessoas não reclamam por eu ser rico. Ao contrário, elas gostariam de ter enriquecido também, de uma vida melhor. Acredito na importância da desigualdade de oportunidade, não no debate simplista de desigualdade de renda.
Extraído => Folha de São Paulo - 11/11/2014
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